Folclore Brasileiro
Como sinônimo de cultura popular, o folclore brasileiro é o rosto social e identitário de uma vasta população de cidadãos brasileiros, cada um deles possuindo sua própria história, e seus próprios referenciais culturais – pois nasceu em uma sociedade – que constituem sua identidade como pessoa e como membro dessa sociedade: o folclore é, digamos, o cenário, o enredo geral e o acervo de apetrechos dos quais depende o ator humano para desempenhar o seu papel vital, elementos criados pelo próprio ator e que não só estruturam e articulam a sua vida como em muito a definem, justificam e até pré-determinam, pois muitos deles foram herdados de seus ancestrais, colorem a cultura onde ele vive e possuem força atávica, com raízes cuja origem se perde no tempo e transcende as fronteiras geográficas. Da combinação perene, viva e ininterrupta, dos cenários de todos os atores de um dado país surge a cultura deste povo, com todas as suas variantes regionais e locais, um mosaico multifacetado de expressões, modos de ser e entender o mundo e de com ele interagir.17 18 19
O folclore inclui mitos, lendas, contos populares, ritos e cerimônias religiosos e sociais, brincadeiras, provérbios, adivinhações, as receitas de comidas, os estilos de vestuário e adornos, orações, maldições, encantamentos, juras, xingamentos, danças, cantorias, gírias, apelidos de pessoas e de lugares, desafios, saudações, despedidas, trava-línguas, festas, encenações, a gestualidade associada à intercomunicação oral, artesanato, medicina popular, os motivos dos bordados, música instrumental, canções de ninar e roda, e até mesmo maneiras de criar, chamar e dar comandos aos animais. A lista do que é folclore não se limita ao que vem do interior, inclui as expressões próprias da vida em cidades, lendas urbanas, os reclames dos vendedores de rua, os símbolos, modelos de arquitetura e urbanismo vernáculos.17 18 19 Na apresentação do folclore brasileiro oferecida pelo IBGE, “através do folclore o homem expressa as suas fantasias, os seus medos, os melhores e piores desejos, de justiça e de vingança, às vezes apenas como forma de escapar àquilo que ele não consegue explicar”. Todas essas manifestações se manifestam peculiarmente em cada cultura e diferem de região para região, e de indivíduo para indivíduo.18
O Brasil possui um folclore riquíssimo, sendo impossível entrar em detalhes aqui; pode-se outrossim elencar algumas categorias mais comuns, dando-lhes um ou outro exemplo. Muitas expressões têm uma presença nacional, ou quase isso, como o carnaval, as farras de boi, as festas juninas, as cavalhadas, a festa do divino e as lendas do curupira, do saci pererê e da mula sem cabeça; outras, são restritas a regiões e estados ou mesmo a pequenas comunidades esquecidas pelo progresso, como os fandangos de tamancos do interior de São Paulo ou a lenda da Teiniaguá no Rio Grande do Sul.18 20 21
Música e dança
Um lundu em 1835, registrado por Rugendas
Frequentemente interligadas, muitas formas musicais, seja puramente de instrumento ou com canto, são ritmos de dança, como o cateretê, a polca, o maxixe, o lundu, o baião, o samba, o frevo, o xaxado, o fandango, a vanera, o xote, o maracatu, a ciranda, o jongo, a tirana, a catira, o batuque, o pau-de-fita, a quadrilha, as cantigas de roda, sendo bem conhecidas as melodias Escravos de Jó, Sapo Cururu, O Cravo e a Rosa, Ciranda-Cirandinha e Atirei o Pau no Gato. Outros exemplos de música são os acalantos, como o Dorme, neném, que a Cuca vem pegar; as modinhas, desafios e repentes; as cantigas de trabalho, velório e cemitério; as serestas, as modas de viola; as ladainhas, responsórios e outros cânticos sacros.22
Cantico Salutaris – Festa do Divino de Pirenópolis – Orquestra e Coral Nossa Senhora do Rosário, Pirenópolis
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Choro-maxixe Corta Jaca, de Chiquinha Gonzaga. Grupo Chiquinha Gonzaga, 1910-1912
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Festas e encenações
Algumas das principais festas são o Carnaval, a Folia de Reis, as Farras de boi e Cavalhadas, as Festas Juninas, a Festa do Divino e o Congado. Em todas elas várias expressões folclóricas se encontram reunidas, como a culinária, o vestuário, o teatro, jogos e competições, contação de casos e lendas, ritos religiosos, danças e cantos. E sendo festas de grande difusão, se encontra uma infinidade de variantes através do território brasileiro.
Jogos durante o entrudo no Rio de Janeiro, aquarela de Augustus Earle, c.1822
A Rainha e o Rei Momo do Carnaval de Florianópolis, 2005
Tem uma origem antiquíssima; há mais de seis mil anos, no Egito, quando se comemoravam as colheitas, nasceu o Carnaval. Depois se alastrou pelo Mediterrâneo e Europa, onde especialmente a Roma Antiga e mais tarde Veneza desenvolveram carnavais suntuosos. Hoje é festejado em quase todo o mundo. No Brasil fez sua aparição por volta de 1640, sendo conhecido pelo nome de entrudo, uma festa que simbolizava a liberdade mas amiúde acabava em tumultos violentos, pelo que acabou sendo banido várias vezes, sempre sem efeito, até a década de 1930, quando passou a ser substituído pelos folguedos mais aceitáveis do Carnaval como hoje o conhecemos. Mas também as elites promoviam seu próprio carnaval, sendo o primeiro deste gênero registrado no tempo de Dom João IV, e realizado em sua homenagem. Contou com desfiles de rua, bloco de sujos (travestis) e mascarados, corridas e combates simulados. Em torno de 1840, realizou-se o primeiro baile público de máscaras, no Rio. A mascarada carnavalesca, que predominava nos teatros e salões freqüentados pela elite, foi aos poucos ganhando forças até, por volta de 1850, se projetar para a rua. Os mascarados desfilavam a pé ou de carro puxado a cavalos, origem dos carros alegóricos, estendendo-se até os arrabaldes. Desfilavam grupos numerosos de estranhos personagens fantasiados como figuras cômicas ou elegantes. Festa disseminada em todo o Brasil, consolidou-se apenas em meados do século XX e hoje tem diversas variantes regionais, que adotam ritmos e decorações específicos a cada local. Permanece até hoje forte influência europeia, que transmitiu personagens carnavalescos típicos como o Rei Momo, o Pierrô, a Colombina e o Arlequim.23 24
Também chamado de Congo ou Congada, nasceu entre as irmandades de negros em Portugal, no século XV, recordando as festas que homenageavam a realeza africana, absorvendo também traços católicos. Trazida para o Brasil, teve ampla difusão, mas a festa se fortaleceu na região das Minas Gerais no século XVIII, quando da chegada, capturados como escravos, de membros da realeza congolense, que aglutinaram os negros em torno a si dentro da moldura das irmandades católicas. É uma festa de apoteose e redenção, encenando a coroação do Rei do Congo, acompanhado de um cortejo compassado, cavalgadas, levantamento de mastros e música. São utilizados instrumentos musicais tipicamente africanos, como a cuíca, a caixa, o pandeiro, o reco-reco, que sustentam a batucada. Na celebração dos santos associados, frequentemente São Benedito e Nossa Senhora do Rosário, a aclamação é animada através de danças, e há uma hierarquia, onde se destaca o rei, a rainha, os generais, capitães, etc. O resto do povo é dividido em grupos de número variável, chamados ternos: Moçambiques, Catupés, Marujos, Congos, Vilões e outros. Cada terno desempenha uma função ritual própria na festa e no cortejo.25
Suas muitas variantes florescem por grande parte do Brasil são em essência teatralizações dramáticas que envolvem um ou mais animais, respectivamente bois e cavalos. Às vezes o animal é real, como nos rodeios, e a festa se centra em torno da doma da besta, simbolizando o domínio do ser bruto pelo homem pensante e sendo uma prova de coragem e habilidade; ou, no caso mais comum do cavalo, se presta a corridas e outros exercícios montados, em exibições de destreza e arte; às vezes o animal é um personagem criado, uma estilização, como no caso do Boi-bumbá, com os conhecidos bois-ícones do Festival de Parintins, chamados Garantido e Caprichoso, representantes de grêmios rivais. A representação é dramática porque o boi é às vezes um mártir, transfigurado pela sua ressurreição, a exemplo da festa do Boi Calumba, ligada ao ciclo do Natal, ou acontece uma luta, ou ele escapa da morte por um triz, novamente características do Bumbá. Às vezes as cavalhadas reencenam as lutas entre mouros e cristãos e os torneios medievais, com trajes apropriados, como no caso das Cavalhadas de Pirenópolis, hoje tombadas pelo IPHAN como patrimônio cultural imaterial do Brasil. Também é comum a inserção de trechos satíricos na narrativa encenada.26 27 28
Tem origem europeia e foi trazida para o Brasil pelos portugueses, sendo comemorada em todo o território nacional entre a véspera de Natal, 24 de dezembro, e o dia de Reis, 6 de janeiro. Em geral grupos de cantadores e instrumentistas se reúnem e, acompanhados de multidão e às vezes outros personagens, como o Louco, o Juiz, palhaços e porta-estandartes, saem pelas ruas a pedir esmolas. Suas cantigas evocam e parafraseiam os textos e eventos bíblicos referentes a estas datas, como se lê em um verso recolhido por Faleiro:29
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- “Oh de casa! Oh de fora!
- Que hora tão excelente,
- E o glorioso santo Reis,
- Que é vem do Oriente…
- Oh de casa! Oh de fora!
- Alegre este morado,
- Que o glorioso santo Reis
- Na sua porta chegô…
- Aqui está santo Reis!
- Fora, Donas!
- Procurando vossa morada,
- Pedindo sua esmola…”
Devoto levantando o Mastro do Divino na festa de Pirenópolis
Foi um desenvolvimento germânico da festa romana Floralia, que celebrava a renovação da vida na primavera. Introduzida em Portugal pela esposa do rei Dom Dinis, Dona Isabel de Aragão, depois santa, que, segundo a tradição, teve um sonho que lhe indicou um local onde deveria erguer uma igreja em honra ao Divino Espírito Santo. No século XVII a Festa do Divino jé era comemorada em todas as colônias portuguesas, com muitas variantes. No Brasil se fundiu a outras tradições: índias, emprestando por exemplo a dança do cateretê, e africanas, entre elas a congada, a marujada, o maracatu. Conforme a localidade, coretos animam as praças, descem os blocos de foliões e bandas de música pelas ruas, correm cavalhadas, dançam bailes de fandangos e quadrilhas, passam em desfile carros de boi enfeitados, seguidos de escolares, devotos e quantos queiram; outros se entretêm com números circenses. Vários rituais compõem a festa, que simbolizam relações de classe e onde se perpetuam valores coletivos. Elege-se um “Imperador do Divino” para presidir a festa, lembrando o rei e a corte lusitana; ergue-se um mastro com uma pomba no topo, há procissões com cantorias visitando casas, rezam novenas, ocorrem encontros com bênçãos e saudações cerimoniais. Em Mogi das Cruzes, por exemplo, Fernando de Moraes coletou este refrão:30 31
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- Ao chegar o grupo a uma casa, saúdam dizendo:
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- “O meu Divino aqui chegou, nesta hora abençoada,
- Veio salvar meu senhor, abençoar sua morada”.
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- Diversas situações rituais são previstas, tendo falas específicas. Por exemplo, se encontram uma vela acesa na casa, dizem:
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- “Abençoada foi a mão que acendeu aquela vela,
- Há de ser abençoada por esta bandeira donzela”.32
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- Ao chegar o grupo a uma casa, saúdam dizendo:
Comemoram os santos católicos João Batista, Antônio e Pedro, são possivelmente uma herança de antigas tradições agrícolas pagãs. Vieram com os portugueses, enraizaram-se primeiro no Nordeste e logo se espalharam por todo o Brasil. As referências mais antigas foram dadas no século XVI pelo Frei Vicente de Salvador:33
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- “As fogueiras, os fogos de artifícios, as brincadeiras, o pagamento de promessas e outras tantas crendices, atraiam silvícolas e camponeses à capela. Missas eram celebradas, se contavam histórias, faziam-se adivinhações. Os padres procuravam conquistar aos neocristãos e lhes fortificar a fé católica”.33
Quadrilha junina da Festa do São Pedro de Belém (Paraíba)
A festa se tornou extremamente popular em todo o Brasil, em parte porque sua data coincidia com a colheita do milho, do feijão e do amendoim, e essa fartura era considerada uma bênção a ser comemorada com danças, cantos, rezas e muita comida. Mais tarde sofreram uma série de outras influências, incorporando novas práticas e se diversificando regionalmente. A quadrilha foi contribuição francesa, o coco-de-roda, africana, as polcas e as mazurcas foram trazidas por imigrantes polacos. É onipresente a fogueira, em torno da qual se celebra a festa e é dela o símbolo mais conhecido, cuja origem é justificada por uma lenda que dizia ter Santa Isabel avisado a Virgem Maria do nascimento de João Batista acendendo um fogo. Os balões de papel, que antigamente eram soltos em quantidade, serviam para carregar as preces e pedidos aos santos no céu. Também é popular o consumo de comidas como bolos de fubá, a pamonha, a pipoca e o quentão, bem como se tornou muito disseminada, a partir da década de 1930, por forte influência do projeto nacionalista de Getúlio Vargas, a caracterização do público como caipiras, devendo ocorrer em algum momento a encenação de um casamento caipira, cujo enredo é quase invariável, como descreve Claudia Lima:33 34
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- “Os noivos tiveram relações sexuais antes do casamento e a noiva quase sempre está grávida; os pais da noiva obrigam o noivo a casar; este se recusa; é necessária a intervenção da polícia; depois o casamento se realiza com o padre fazendo a parte religiosa e o juiz, fazendo o casamento civil, sob as garantias do delegado e seus soldados. A quadrilha é o baile de comemoração do casamento.”33
Linguagem, literatura e tradição oral
As principais manifestações do folclore na linguagem popular são as seguintes:
Também chamadas de adivinhas. Consistem em perguntas com conteúdo dúbio ou desafiador.
- Exemplo:
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- O que é o que é?
- Está no meio do começo, está no começo do meio, estando em ambos assim, está na ponta do fim?
- Branquinho, brancão, não tem porta, nem portão?
- Uma árvore com doze galhos, cada galho com trinta frutas, cada fruta com vinte e quatro sementes?
- Uma casa tem quatro cantos, cada canto tem um gato, cada gato vê três gatos, quantos gatos têm na casa?
- Altas varandas, formosas janelas, que abrem e fecham, sem ninguém tocar nelas?
- O que é o que é?
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- Respostas:
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- A letra M
- Ovo
- Ano, mês, dia, hora
- Quatro
- Olhos
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Ditos que contém ensinamentos, como “Dinheiro compra pão, mas não compra gratidão”; “A fome é o melhor tempero”; “Ladrão que rouba a ladrão tem cem anos de perdão”, e “Pagar e morrer é a última coisa a fazer”.
Estrofes de quatro versos sobre o amor, um desafio ou saudação.
- Piadas ou anedotas
História curta de final geralmente surpreendente e engraçado com o objetivo de causar risos ou gargalhadas no leitor ou ouvinte. É um tipo específico de humor que, apesar de diversos estilos, possui características que a diferenciam de outras formas de comédia. No Brasil são muito comuns piadas envolvendo o Joãozinho ou a Mariazinha, personagens supostamente ingênuos mas de fato espertos e ferinos; as piadas de papagaio, sexo e pescaria, e as ironizando portugueses, mulheres burras ou feias, bêbados, caipiras, padres e homossexuais. Um exemplo de piada de papagaio:
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- “Um homem entra numa loja de animais, querendo comprar um papagaio e encontra três idênticos numa gaiola e pergunta o preço: -O da esquerda custa 500 Reais – diz o dono. -Nossa, que caro! Por que vale tanto? -Ele é um papagaio muito especial, sabe operar um computador. -Ah, sei… E o da direita, quanto vale? -Esse custa 1000 Reais. -Nossa, mas por que custa tão caro? -Ah, porque além de saber operar um computador, também domina Windows 98, Unix e Macintosh. -Sei, interessante… E o papagaio do meio? -Esse custa 5 mil reais! -Que é isso! O que ele sabe fazer de tão especial? -Na verdade – diz o dono, – nunca vi esse papagaio fazer coisa nenhuma. Mas os outros dois o chamam de chefe…”.35
Também chamada de Folheto ou Romance, tem origem nas tradições medievais da literatura européia. As canções de gesta, as narrativas históricas, novelescas ou fantásticas, as histórias bíblicas e os exemplários (contos usados para ilustrar tratados morais) são algumas das fontes que contribuíram para o seu surgimento. Introduzida no Brasil via Portugal, se consolidou em meados do século XVIII, ligada ao nascimento das feiras de agricultores. Comum no nordeste brasileiro, consiste de livrinhos com narrativas em verso, que são expostos para venda pendurados num barbante (daí a origem de cordel), sobre assuntos que vão desde mitos sertanejos a situações sociais, políticas e econômicas atuais. Muitas vezes são ilustrados com xilogravuras de caráter ingênuo mas muito expressivo, o que lhes aumenta o interesse e os torna rica fonte iconográfica do imaginário popular. Entre seus autores mais notórios estão Leandro Gomes de Barros, Zé Limeira, João Martins de Athayde e Cuíca de Santo Amaro.36 37 38 39 Um trecho de Zé Limeira:
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- “Eu me chamo Zé Limeira
- Da Paraíba falada
- Cantando nas escrituras
- Saudando o pai da coaiada
- A lua branca alumia
- Jesus, José e Maria
- Três anjos na farinhada”.40
- Frases de pára-choque de caminhão
Frases que caminhoneiros pintam em seus pára-choques, podendo ser humorísticas, sexuais, moralidades, devoções, ou podem revelar sucintamente uma visão de mundo e de vida, em pérolas de sabedoria prática. Exemplos: “Mulher bonita e melancia grande, ninguém consegue comer sozinho”; “Na subida, paciência; na descida, dá licença”; “Nasci pelado, careca e sem dente: o que vier é lucro”.41
- Trava-Línguas ou parlendas
É um pequeno texto, rimado ou não, que constitui um desafio de pronúncia. Os exemplos são ilustrativos: “Um tigre, dois tigres, três tigres”; “Atrás do quadro da escola bibliotécnica estava um papibaquígrafo”; “Num ninho de mafagafos tem seis mafagafinhos; quem desmafagafizar esses seis mafagafinhos bom desmafagafizador será”.
Algumas lendas e mitos bem conhecidos
Uma lenda indígena que descreve uma cobra de fogo de olhos enormes ou flamejantes. Foram encontrados relatos do Boitatá em cartas do padre jesuíta José de Anchieta, em 1560. Para os índios ele é “Mbaê-Tata”, ou Coisa de Fogo, e mora no fundo dos rios. A narrativa varia muito de região para região. Único sobrevivente de um grande dilúvio que cobriu a terra, o Boitatá escapou entrando num buraco e lá ficando, no escuro, motivo pelo qual seus olhos cresceram. Outros dizem que é a alma de um malvado, que vai incendiando o mato à medida que passa. Por outro lado, em certos locais ele protege a floresta dos incêndios. Algumas vezes persegue os viajantes noturnos, ou é visto como um facho cintilante de fogo correndo de um lado para outro da mata. Tem vários outros nomes: Cumadre Fulôzinha, Baitatá, Batatá, Bitatá, Batatão e Biatatá. O Boitatá pode ser uma explicação mágica para o fenômeno do fogo-fátuo.42
É um monstro com corpo de homem, focinho de anta ou de tamanduá e pés de girafa, que perambula durante as noites, em busca de algum alimento, lá pelas bandas do rio Xingu. Adora comer as cabeças de cães e gatos recém-nascidos. Também adora beber o sangue de gente e de outros animais, rasgando-lhes a carótida. Só pode ser morto com um tiro na região do umbigo. É uma espécie de lobisomem indígena.43
Serpente lendária da Região Norte, que mora entre as rochas dos rios e lagoas, de onde sai para afundar barcos. Quando ela sai das rochas, troveja, lança raios e faz chover. Se a chuva é muito forte e ameaçadora de novo dilúvio, toma a forma de arco-íris e serena as águas. Ainda segundo a lenda, a lua é a cabeça da serpente, as estrelas são os olhos e o arco-íris é o sangue da cobra-grande.44
Um homem muito cruel, que surrava a própria mãe. Ao morrer, foi rejeitado por Deus e o Diabo. Não foi enterrado, porque a própria terra, enojada, vomitou seu corpo. Assim, perambula por aí, com o corpo todo podre, ainda cheio de ódio no coração, fazendo mal a todos os que cruzam o seu caminho. Há relatos desta lenda nos estados de São Paulo, Paraná, Amazonas, Minas Gerais e na região Centro-Oeste.43
Acredita-se que a lenda do boto tenha surgido na região amazônica. Ele é representado por um homem jovem, bonito e charmoso que encanta mulheres em bailes e festas. Após a conquista, leva as jovens para a beira de um rio e as engravida. Antes de a madrugada chegar, ele mergulha nas águas do rio para transformar-se em um boto. Esta lenda pode ser uma versão sobrevivente do Ipupiara original, que depois se transformou na Iara.45
Diz a lenda que era uma velha feia com forma de jacaré, que rouba as crianças desobedientes. A figura da Cuca tem afinidades funcionais com a do Bicho-papão e do Velho-do-saco, seres medonhos a quem alguns pais ameaçam entregar as crianças rebeldes.46
Também conhecido como Caipora, Caiçara, Caapora, Anhanga ou Pai-do-mato, todos esses nomes identificam uma entidade da mitologia tupi-guarani, um protetor das matas e dos animais silvestres. Representado por um anão de cabelos vermelhos e compridos, e com os pés virados para trás, que fazem se perder aqueles que o perseguem pelos rastros. Monta um porco do mato e castiga todos que desrespeitam a natureza. Quando alguém desaparece nas matas, muitos habitantes do interior acreditam que é obra do curupira. Os índios, para agradá-lo, deixavam oferendas nas clareiras, como penas, esteiras e cobertores. Também se dizia que uma pessoa deveria levar um rolo de fumo se fosse entrar na mata, para lhe oferecer caso o encontrasse. Sua presença é relatada desde os primeiros tempos da colonização. Conforme a região ele pode ser uma mulher ou uma criança de uma perna só que anda pulando, ou um homem gigante montado num porco do mato, tendo como acompanhante o cachorro Papa-mel.42
Lenda que aparece em várias regiões do mundo, falando da desgraça de um homem que tem sua natureza humana fundida com a de um lobo periodicamente, sob influência da Lua cheia. Nesta condição ele é uma criatura feroz que ataca pessoas. Ele pode ser o resultado de um pacto de alguém com as forças do mal, ou nasceu na condição de sétimo filho homem de seus pais.47
Relatada no Brasil desde o século XVI, a lenda da Iara é parte da mitologia universal, sendo uma variante da figura da sereia. No princípio, a Iara se chamava Ipupiara, um homem-peixe que levava pescadores para o fundo do rio, onde os devorava. No século XVIII ocorreu a mudança, e o Ipupiara se tornou a sedutora sereia Uiara ou Iara, que enfeitiça os pescadores com sua beleza e canto e os leva para o fundo das águas. Por vezes ela assume a forma humana completa e sai em busca de suas vítimas.42
Um mito indígena que tem seu princípio na menina Mara, filha de um cacique, que vivia sonhando com o amor e um casamento feliz. Certa noite, adormeceu e sonhou com um jovem loiro e belo que descia da Lua e dizia que a amava. Mara apaixonou-se, mas logo o jovem desapareceu de seus sonhos, e embora virgem, percebeu que esperava um filho. Deu à luz uma graciosa menina, de pele branca e cabelos loiros, a quem chamou Mandi. Em sua tribo foi adorada como uma divindade, mas adoeceu e acabou falecendo. Mara sepultou a filha em sua oca e, inconsolável, de joelhos, chorava todos os dias sobre a sepultura, deixando cair leite de seus seios, para que a filha revivesse. Um dia brotou ali um arbusto. Cavando a terra, Mara encontrou raízes muito brancas, brancas como Mandi, que, ao serem raspadas, exalavam um aroma agradável. Todos entenderam que criança viera à Terra para alimentar seu povo. O novo alimento recebeu o nome de Mandioca, pois Mandi fora sepultada na oca.48
Monstro que ainda hoje atemoriza os moradores da floresta na região amazônica. Segundo as descrições o Mapinguari é uma criatura parecida com um macaco, mais alto que um homem, de pelo escuro, com grande focinho que lembra o de um cachorro, garras pontiagudas, uma pele de jacaré, um ou dois olhos e que exala um forte mau cheiro. Segundo o índio Domingos Parintintin, líder de uma tribo, ele só pode ser morto com uma pancada na cabeça. Mas há grande risco, pois a criatura tem o poder de fazer a vítima ficar tonta e “ver o dia virar noite”. David Oren, ex-diretor de pesquisa no Museu Paraense Emílio Goeldi, afirma que a lenda do Mapinguari é uma reminiscência de possíveis contatos de homens primitivos com as últimas preguiças gigantes que viveram na região. A persistência de relatos recentes de avistamento levou a cientistas organizarem expedições à região, que não resultaram, contudo, em encontro com ou identificação do animal.49 50
Lenda hispânico-portuguesa, cuja versão mais corrente é a de uma mulher, virgem ou não, que dormiu com um padre, pelo que sofre a maldição de se transformar nesse monstro em cada passagem de quinta para sexta-feira, numa encruzilhada. Outra versão fala que se nascesse uma criança desse amor proibido, e fosse menina, viraria uma mula sem cabeça; se menino, seria um lobisomem. A Mula percorre sete povoados naquela noite de transformação, e se encontrar alguém chupa seus olhos, unhas e dedos. Apesar do nome, a Mula sem cabeça, acordo com quem já a “viu”, aparece como um animal completo, que lança fogo pelas narinas e boca, onde tem freios de ferro. Às vezes, vista de longe, parece chorar um choro humano e pungente. Se alguém lhe tirar os freios o encanto se quebra; também basta que se lhe inflija qualquer ferimento, desde que verta pelo menos uma gota sangue.42
Lenda afro-cristã de um menino escravo que é espancado pelo dono e largado nu, sangrando, em um formigueiro, por ter perdido um cavalo baio. No dia seguinte, quando foi ver o estado de sua vítima, o estancieiro tomou um susto. O menino estava lá, mas de pé, com a pele lisa, sem nenhuma marca das chicotadas, nem fora comido pelas formigas. Ao lado dele, Nossa Senhora, e mais adiante o baio e os outros cavalos. O estancieiro se jogou no chão pedindo perdão, mas o negrinho nada respondeu. Apenas beijou a mão da Santa, montou no baio e partiu com a tropilha. Depois disso, tropeiros, mascates e carreteiros da região, todos davam notícia de ter visto passar uma tropilha de tordilhos, tocada por um negrinho montado em um cavalo baio. Então, muitos passaram a acender velas e rezar um Pai Nosso pela alma do supliciado. Daí por diante, quando qualquer cristão perdia uma coisa, o que fosse, pedia-la ao Negrinho, que a campeava e achava, mas só entregava a quem acendesse uma vela, que ele levava para o altar de sua madrinha, a Virgem que o livrara do cativeiro.51
Provável importação portuguesa, relatado primeiramente na Região Sudeste, no século XIX. O Saci Pererê é um menino negro de uma perna só, e, conforme a região, é um ser maligno, benfazejo ou simplesmente brincalhão. Está sempre com seu cachimbo, e com um gorro vermelho que lhe dá poderes mágicos. Vive aprontando travessuras e se diverte muito com isso. Adora espantar cavalos, queimar comida e acordar pessoas com gargalhadas. A lenda também diz que o Saci se manifesta como um redemoinho de vento e folhas secas, e pode ser capturado se lançarmos uma peneira ou um rosário sobre o redemoinho. Se alguém tomar-lhe a carapuça, tem um desejo atendido. Se alguém for perseguido por ele, deve jogar cordões enozados em seu caminho, pois ele vai parar para desatar os nós, permitindo que a pessoa fuja. Às vezes se diz que ele tem as mãos furadas na palma, e que sua maior diversão é jogar uma brasa para o alto para que esta atravesse os furos. Há uma versão que diz que o Caipora é seu pai. Os tupinambás tinham uma história afim, uma ave chamada Matita-perera, que com o tempo, passou a se chamar Saci-pererê, deixando de ser ave para se tornar um caboclinho preto e perneta, que aparecia aos viajantes perdidos nas matas.42
Lenda de origem tupi-guarani, contando que, no começo do mundo, toda vez que a Lua se escondia no horizonte ia folgar com suas virgens prediletas. Se a Lua gostava de uma jovem, a transformava em estrela. Naiá, filha de um chefe e princesa da tribo, ficou impressionada com a história. Quando todos dormiam e a Lua andava pelo céu, Naiá subia as colinas e perseguia a Lua na esperança que esta a visse e a transformasse em estrela. Fez isso por longo tempo, e chorava porque a Lua não a notava. Certa noite, em prantos à beira de um lago, Naiá viu refletida nas águas a imagem da Lua. Pensado que ela enfim viera buscá-la, Naiá atirou-se nas águas, e nunca mais foi vista. Compadecida, a Lua resolveu transformá-la em uma estrela diferente, a “Estrela das Águas”, a planta vitória régia, cujas flores brancas e perfumadas só abrem à noite, e ao nascer do sol ficam rosadas.42 52
Culinária
O Brasil possui uma culinária original, resultado da fusão de uma variedade de influências, principalmente a portuguesa, adicionando-lhe ingredientes e pratos das culinárias africana e indígena.53
Os portugueses, além de suas tradições próprias, como a panelada, a buchada, o cozido, o pudim de iaiá, os arrufos de sinhá, o bolo de noiva, o pudim veludo, em virtude das navegações conheceram e introduziram no Brasil o coco, a manga, a jaca, a fruta-pão, a canela, a carambola, o sarapatel, o sarrabulho, trazidos do oriente. Também transmitiram pratos mouriscos como o alfenim. No cozido português se adicionou feijão preto ou mulatinho, carnes salgadas e defumadas, farinha de mandioca e muitas verduras, criando-se um dos pratos mais conhecidos da cozinha brasileira: a feijoada. Dos índios foi assimilada a farinha de mandioca, os alimentos preparados em folhas de bananeira, as comidas à base de milho, a paçoca, a moderação no uso do sal e dos condimentos, os utensílios de cerâmica, o gosto por alimentos frescos. Os negros contribuíram por exemplo com o dendê, a pimenta malagueta, o inhame, o caruru.53
Na atualidade, cada região brasileira possui os seus pratos típicos. No Norte, devido à presença de florestas, à influência indígena e à abundância de grandes rios, predomina o consumo de peixes de água doce, de mandioca e de frutas, além de iguarias como a caldeirada de jaraqui, o pato no tucupi, o tambaqui assado na brasa, a cuia de tacacá, a farofa de ovos de tartaruga, o creme de bacuri e de cupuaçu.53
No Nordeste são comuns os pratos à base de feijão, inhame, macaxeira, leite de coco, azeite de dendê, peixes, crustáceos e frutas nativas. Os pratos mais populares são a buchada, o sarapatel, a dobradinha, a galinha de cabidela, o quibebe, a carne-de-sol, peixes e crustáceos ao leite de coco, amendoim, canjica, pamonha, munguzá, cuscuz, milho cozido e assado, acarajé, caruru, vatapá, pé-de-moleque, arroz-doce, tapioca, caldo de cana, além de doces de frutas regionais.53
No Sul, onde se encontram grandes rebanhos, a população tem predileção pelo churrasco assado na brasa com farinha de mandioca, o prato tradicional da cozinha campeira. Pode também se servido com arroz branco, salada de maionese, saladas verdes e pão. Outros alimentos tradicionais são a tripada, o carreteiro, o chimarrão.53
No Rio de Janeiro é famosa a feijoada carioca; o cuscuz paulista se popularizou em São Paulo; em Minas Gerais, os produtos lácteos como o famoso queijo de Minas, requeijões, iogurtes, manteigas e doces de leite, além do pão de queijo, biscoitos de polvilho, goiabada cascão, o tutu à mineira e o feijão-de-tropeiro. No Espírito Santo são apreciados peixes com urucum, assim como a moqueca capixaba. No Centro-Oeste predominam os pratos à base de carne e peixes de água doce, aves e caça do Pantanal, frutas do cerrado como o pequi e erva-mate.53
Além das cozinhas regionais, populações específicas, descendentes de imigrantes, também elaboraram sobre suas tradições próprias, como as culinárias italiana, japonesa, chinesa, coreana, vietnamita, alemã, húngara, francesa, polonesa, russa, ucraniana, aumentando a diversidade. A pizza e o macarrão, por exemplo, vieram com os italianos e já foram incorporadas à alimentação cotidiana de muitos brasileiros.53
Brinquedos e brincadeiras
Os brinquedos são artefatos para serem utilizados em atividades lúdicas e/ou educativas, como a boneca, o papagaio (pipa), estilingue (bodoque), pião , arapuca , pandorga, etc. As brincadeiras podem envolver disputa de algum tipo, seja de grupos ou individual, como o pega-pega, bolinha-de-gude, esconde-esconde, resgate, nunca 3, pique-bandeira, etc. As brincadeiras se modificam de acordo com sua região, pode ser mudar o nome ou então a forma de brincar.
Crenças e superstições
- Sabença: sabedoria popular utilizada na cura de doenças e solução de problemas pessoais através de benzeduras.
- Superstição: explicações de fatos naturais como consequências de acontecimentos sobrenaturais.
Artesanato
A história do artesanato tem início com a história do homem, que desde logo teve a necessidade de produzir objetos utilitários e adornos, expressando assim sua capacidade criativa e produtiva. Os primeiros artesãos surgiram no Neolítico, quando o homem aprendeu a polir a pedra, a fabricar a cerâmica e a tecer fibras. No Brasil o processo foi idêntico, sendo os índios os primeiros artesãos brasileiros, com sua habilidade na cerâmica, na cestaria, na pintura corporal e na arte plumária.54
A definição de artesanato é polêmica, seus limites são imprecisos e muitas vezes se confunde com a arte. Segundo Barroso Neto, o primeiro é uma “produção seriada de peças semelhantes que são resultantes, normalmente, de uma prática coletiva”, ao passo que a segunda é “única, temática e fruto de uma produção individual cuja autoria reclama um nome”.55 Ricardo Lima, por sua vez, enfatiza a necessidade do predomínio do trabalho manual para a definição do caráter artesanal de uma peça.56
O artesanato pode se manifestar de várias formas, como na confecção de vasos, panelas e potes de barro cozido e decorado; na funilaria, nos trabalhos em couro e chifre, nos trançados, rendas, bordados e tecidos; em formas de produção industrial caseira, como no fabrico de farinha de mandioca e no monjolo de água; nos instrumentos musicais, brinquedos, esculturas e entalhes, nas bijuterias, e numa infinidade de outras formas. O artesanato brasileiro é um dos mais ricos do mundo, revelando, quando tem características folclóricas, usos, costumes e tradições de cada local. Nos últimos anos o artesanato nacional tem conseguido grande projeção, inclusive para fora das fronteiras do país, dignificando o trabalho dos artesãos. Além disso, por empregar grandes contingentes de mão-de-obra pouco especializada, tem importante função social e econômica, garantindo o sustento de muitas famílias e comunidades.54 57
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Bonecos figurando tocadores de pífanos do Nordeste
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Guampa de tereré, feita de chifre e adornada com prata, artesanato típico da região Centro-Oeste do Brasil